12:51
Exatamente 11 horas.
Essa é a hora que marca no relógio. Não um relógio de ponteiro, daqueles que inspiram um homem. Apenas um olho digital, no cantinho das barras de ferramentas do meu computador.
Computador. Às vezes essa palavra me inspira depressão. Não seria menos patético escrever à mão? Ou então datilografando em uma máquina...Todos os meus ídolos foram dessa época. Do tempo em que não se podia errar. Qualquer erro e pronto, teria que datilografar tudo novamente. O escritor se concentrava. Não podia errar, não errava. Hoje basta apertar uma tecla e pronto, voltamos ao lugar de origem.
Às vezes penso que sou um futurofóbico, mas seria hipocrisia demais. Desfruto da tecnologia todos os dias, o problema não está na tecnologia, e sim no homem. Vamos se acomodando. Erramos no texto, erramos sempre...Qualquer erro é fácil de se ajeitar. Então é por isso que os meus ídolos estão no passado. Na História, na Literatura. Não foram perfeitos, obviamente. Afinal todos foram humanos. Uns tentaram ser. Outros mergulharam na angustia e tristeza de ser simplesmente um homem. Homem. Homem que pode morrer agora, a qualquer momento. Apagado como um poema mal digitado e mal produzido em uma tela de computador. Como é duro e difícil ser homem. Não? E ainda tem gente que acha que somos seres perfeitos, mas tudo bem, a vida precisa de comediantes.
O problema não é o futuro nem o atual, e sim o caminho em que estamos tomando. Estamos se desenvolvendo rapidamente. Achamos que temos o poder de impedir a morte. Nos achamos capazes de viajar pelo espaço. Achamos que somos uma forma avançada de vida, e mesmo assim temos milhares de semelhantes morrendo de fome. Inventamos até o hipócrita mérito, direito adquiridos pelo trabalho, mas uma vez os comediantes na vida.
Estou sitiado por uma grande cidade. Os carros passam pela rua sem cessar. O ar é carregado de poluição. E o céu, o belo céu está banhado de uma massa cinzenta de degradação. Agora o céu não é mais inspiração poética. Não para os que moram nas cidades. E não vou bancar o Árcade. Não conseguiria morar no campo. Na verdade, estou sem para onde ir. Esse não é o meu lugar, e não existe o meu lugar. Deus ainda não o criou, nem o homem.
Queria agora está no século XI. Trovando e olhando para a lua e o céu. Ouvindo o doce som do meu alaúde, mas estou aqui ouvindo a mesma música: 12:51. A voz agonizante do Julian penetra em meus ouvidos. Ao menos ninguém está empurrando-a para mim. Escuto por vontade própria, repetidas vezes.
Uma namorada nos inspira a falar de Literatura, Deus e da vida.
Mas uma música também, e talvez mais.
3 comentários:
sem mais delongas..
.. eu simplesmente amo teus textos, minha distração, meu entretenimento, minha fuga, meu eterno poeta.
(L)
continuamos errando, enganados por lembranças,sonhos...
Esse não foi pra mim. [2]
Não era namorada, e você sequer imaginava que fosse. Tsc...
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