segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Esse blogue morreu, agora é outro que nasce.

Eu mudei de endereço, de casa. Agora sou do Wordpress, por favor, mudem nos links do blogue de quinta, agora é http://hermesveras.wordpress.com sim, eu já postei lá. Obrigado!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A lagoa

Não há felicidade em solidão plena. Algumas pessoas demoram anos para descobrir, porém, mais cedo ou mais tarde a charada é resolvida.
Por mais que tentemos inflar nossos egos ,não há saída, Precisamos de alguém ,precisamos nos inserir na grande rede chamada vida. Se pessoas demoram tanto para perceber algo tão óbvio, imagine lagoas, mares...
Por exemplo, essa lagoa linda ,com várias pessoas ao redor,casas, enfim vida natural , social e espiritual, nem sempre foi assim. Por anos, nada existiu aqui, nada atravessava o medo,orgulho e rancor da lagoa. Ela achava que poderia viver sozinha,odiava contato.
Outrora, existia peixes .Mas aí vieram os pescadores e ela expulsou todos. Era peixe morto
para todos os lados. Uma Lagoa que não serve para pescar, serve ao menos para
tomar banho. Muitos tomavam banho,alguns morriam. Luzes estranhas,barulhos macabros,choro...
Logo se espalhou que a lagoa era mal assombrada. E aos poucos ninguém a visitava
mais.
Nem o vento.
A solidão,às vezes,inspira. Mas o vazio é temeroso. Ela resistiu no início,mas depois de anos,cedeu. Não suportava sua água parada. Certo dia,o vento acompanhava um casal, de forma. fascinada e desatenta. Fascinado com a maneira que o casal se olhava, e desatento por onde ia. Quando percebeu já era tarde demais. Já agitava as águas da lagoa, e então aconteceu algo maravilhoso. O sol suave,as faces dos dois, refletidas no espelho dágua enquanto toda a lagoa ululava. Por encanto, a rede ali se estabeleceu. A lagoa aproveitou para se redimir, fez as pazes com o vento, e com o densenrolar dos anos as pessoas voltaram a frenquentá-la. A vida ali
voltou, e hoje é essa beleza que vemos todo os dias.

sábado, 27 de novembro de 2010

Tá tudo errado - Desencantado

E finalmente, continuando a série Tá tudo errado! É isso mesmo. Boa leitura, público.


Desencantado

Não é possível ter um pensamento autônomo vivendo em sociedade. Somos produtos de contextos histórico-sociais. A arte nunca foi sublime. Bela? Sim. Mas a beleza não implica misticismo. Arte é uma forma de pensar e fazer real e concreta. A subjetividade é palpável.
Não é necessário dizer que esse pensamento não é meu, a única liberdade que tenho é de concordar ou não, e no mais, acrescentar alguma marca pessoal (construção social da personalidade?). Alguém pode dizer que podemos inovar, ser vanguarda. Sim, podemos. Mas esse pensamento não é só meu, e sim de um conjunto, por mais ínfimo que seja ao comparar-se à multidão conservadora.
Os defensores da liberdade, inovação e direito autoral dizem que, apesar de ser raro, é possível o sujeito ser totalmente inovador. Revolucionar a sua época. É verdade. Mas essa ideia foi arquitetada através de condições, essas originadas em ações sociais passadas, dentro de uma época, lugar e entrelaçada à relações multifacetadas da sociedade.
É uma ideia claustrofóbica. Estamos fadados a arquétipos e sobreposição de pensares? Parece que sim. O pior é ter esse pensamento em um shopping center, local onde teoricamente deveríamos relaxar e ter lazer. Entretanto, o pensamento sociológico já faz parte de mim, e quanto mais estudo fico desencantado com o mundo. Ainda bem que estudo pouco...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sem

Por motivos especiais, eu tenho que quebrar a série( que só tem 1 texto). Esse poema é recente, e é imagético. Queria colocar aqui porque faz parte de um contexto atual. Mas sobre a série, eu tenho outros textos já, só que os acho ruim, quando estiver digno do público leitor, publicarei.


O título da poesia é Sem.




PS: Essa fonte não tinha acentos nem cedilha, a Emily editou isso pra mim e mudou a cor da fonte, que eu não tava conseguindo fazer no Gimp. Obrigado amor.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dois algodões

Inspirado pelo Carlinhos, com essa mania de fazer séries, vou fazer uma série intitulada de: Tá tudo errado. Serão crônicas (contos?) com esse tema, de reclamação, indignação, e geralmente, conformada. Talvez o intuito seja apenas relatar, com o intuito menos revolucionário do que reflexivo. Sei que é muito complicado começar uma série depois de tanto tempo sem postar, mas obrigado po quem ainda continua visitando o meu blog, é muito especial para mim.



O morto tinha um aspecto calmo. O olhar inexistente, e dois algodões que lembram o céu ( espiritual?) fincados no nariz, que dão uma aparência inegável: era mesmo um morto. Na verdade, não precisaria dessa descrição toda se eu simplesmente tivesse dito que estava em um velório. Obviamente não é de um conhecido meu, pois jamais conseguiria escrever nesse estado de perca, apesar da escrita ser a busca pelo que falta.
Esse morto, em vida, porém já moribundo, sonhava com a morte. A mulher chorando copiosamente, os filhos desamparados sem saber se era verdade. A outra, vindo bem depois para chamá-lo de canalha. Será que chovia?
Não vejo ninguém chorar. A mulher fala copiosamente no celular, procurando se informar se poderia pagar parcelado, como seria o processo de translado. Logo eu entendia que o morto não era daqui de Fortaleza e sim de Juazeiro. Seria comido pela terra natal. Burocracia. É, meu amigo morto, a morte é burocrata. A esposa não tem tempo para se lamentar, primeiro é necessário saber como se livrar do seu corpo. A outra nem veio, ou talvez ela nem existisse. Afinal, conjecturei que os filhos estariam no velório, e não estavam. Talvez não tivesse nenhum, o mais provável é que estivessem em Juazeiro. Muitas dúvidas, não procurarei respostas.
Lágrimas caminhando morosamente, como uma pendência judicial, em meu rosto. Olho esquerdo, apenas. Chorando. Eu chorara, mas a sua esposa não. Complicado, sim. Tive pena do morto. Mas ele teria um consolo, no enterro, dias depois, a esposa teve tempo para sofrer a morte do morto. Se despediu sem medo, fez até barulho. E os filhos, se existirem, estariam desamparados. Também, a parcela era graúda...durou por seis meses. A morte é doída para quem fica...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Não era o desejado.

Realmente não era o desejado. Hoje faço com a Emily 1 ano e 11 meses de namoro. O ideal seria encontrá-la e compartilharmos juntos essa data maravilhosa, mas estou doente e ela está se preparando para a segunda fase do vestibular, ok não tem problema. Vou colocar uma pequena inquietação passada, espero ficar bem novamente para fazer minhas provas na UECE e ler as postagens de vocês, colégas do blog de quinta. Até mais ver.




Eu não fui atropelado. Mas a noite grilada, de mãos dadas com os latidos de um cão inquieto não é a mesma coisa quando um boa noite não se concretiza como o planejado. O cão torna-se insuportável e os grilos não cantam mais: berram.


A pouca luz, oriunda do monitor, banha o escritor de lamentações esbranquiçadas. Insônia, companheira eterna da maioria dos tolos, ou seja, escritores e leitores, põe sua mão fria no pobre desiludido.


-Eu só queria desejar boa noite mas acabei acordando-a.


A imagem da querida de pele de pêssego acordando de supetão assustada com o trambolho barulhento é de despedaçar o coração. Arruinar todos os planos de desejar uma noite agradável, um sono leve e aprumado.

Desculpa, até.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Breve ensaio etnográfico - Lagoa Encantada: A Tribo Jenipapo Kanindé

Foto por Jaqueline Cardoso

A Emily revisou a introdução. Fiz esse trabalho para a cadeira de Antropologia I, quem não se interessar pelo assunto, pode sair fora, eu entendo. Até.






Introdução:
Primeiramente, deixo claro que é uma simplória pesquisa - visto que de denso este texto tem pouco, pois o local foi estudado apenas uma vez por mim -, já que se sabe do fato que, para um estudo antropológico, essa é uma frequência pouquíssima.
De qualquer modo, o objeto de análise é a comunidade da Lagoa Encantada, localizada no município de Aquiraz, a leste da capital cearense. Todo o estudo é pautado na visita de campo, e terá a seguinte ordem: A chegada: pequenos relatos econômicos; Os encantados: uma trilha simbólica; Toré: O Rito dos jenipapo-kanindé de Aquiraz.

A chegada: pequenos relatos econômicos

Quando cheguei no campo o primeiro lugar em que parei foi a cantina. Seria exagero chamar a cantina em pequeno centro econômico, mas para o turismo solidário ali seria o centro econômico. É lá onde pagamos a trilha e o almoço. Ainda no local do almoço encontra-se uma pequena tenda onde os nativos vendem objetos de artesanato: colares, braceletes, bolsas e etc.
Lá fiquei sabendo que eles plantam mandioca o ano todo e em época de chuva plantam outras coisas variadas, que não ficaram em destaque. Servindo assim para economia de subsistência.
Ao lado da cantina existe um mercadinho. É o único existente em toda a comunidade. Mas o contato com o local foi apenas por visão e não poderei falar mais sobre isso.
Existem outras formas de mercado na Lagoa Encantada, mas o turismo social, e aí se inclui as vendas de artesanato também, e o plantio da mandioca são as principais formas de subsistência, e talvez, lucro da comunidade. Obviamente que existem outras formas mais particulares. Já na trilha, pude ver em uma casa a seguinte placa: vende-se din-din. Como foi dito, existe apenas um mercadinho, e essa casa que vende din-din foi a única que vi, mostrando assim que o comércio interno é pouco, ou muito bem camuflado.

Os encantados: uma trilha simbólica

A trilha foi um local para a conversa e esclarecimento. O nosso guia João nos informou a respeito de sua configuração religiosa, e de até certo ponto, da aldeia toda.
Os encantados. Esses seres-símbolos são entidades místicas que protegem a todos. Pelo que pude ouvir de João qualquer pessoa honrosa pode virar um encantado, depois de morto. Ele não acredita em reencarnação – nesse ponto não sei se ele (um lider indígena e guia) estava falando por si mesmo ou pelo pensamento geral dos jenipapo kanindé. Então depois de morrer, no máximo você vira um encantado. João também deixou parecer que cada pessoa tem um próprio encantado, que protege e gosta do protegido. Ele citou os seus: Mãe Tamaí* e Joãozinho-pé-do-morro. Ao fazer a trilha, João parou e fez uma oração. Ele invocou os encantados e terminou sua oração com a palavra “amém”. Anteriormente ele tinha comentado que os encantados eram caboclos do mato. Fica bem claro nesse ponto que o sincretismo religioso na mentalidade nativa aqui é imenso. Uma mistura de catolicismo, religião indígena e afro brasileira.

Toré: O Rito dos Jenipapo Kanindé de Aquiraz

Pelo que pôde ser observado e ouvido, o Toré é uma dança e é realizada em muitas das manifestações da comunidade. Desde velórios até festas.
A dança que acompanhei não tinha um motivo tão nobre, era apenas para demonstração.
O Toré começa com alguém que comanda uma canção, ele inicia o cântico e todos acompanham cantando. Formam um círculo e vão se seguindo. Basicamente é isso: os participantes cantando dando voltas circulares.
A indumentária era interessante. Pode-se dizer que eram de duas camadas: a primeira, a das roupas que chamamos de comuns em nossa sociedade, que usamos no dia a dia; a outra era do elemento indígena brasileiro - era um saiote e o cocar, que ficavam por sobre as roupas ditas comuns. Para dar ritmo ao canto, usavam chocalhos que não consegui identificar, se eram xerequês ou outro objeto.
Algo que deve ser mencionado é o conteúdo das letras, quase todas fazem menção aos jenipapos-kanindé, talvez seja um elemento afirmador da etnia.

NT*: Eu não sei de forma alguma como é a forma real desse novo. Apenas peguei de ouvido, e ficou difícil anotar.