sábado, 23 de agosto de 2008

Noite Macabra I

O sol se põe majestoso
Todo brio melancólico saudoso se esvai
Mergulhando a cidade em breu
Dando espaço à Lua dizendo: - Cantai!

E de toda total mútua canção lírica garbosa
Entre a Lua e o Maldito que a namora
Finca as garras em brumas surdas retóricas
As escatológicas lúbricas vozes fantasmagóricas

No passaredo gritante de movimentos rubros
A donzela desprezada de semblante estupefato
Rasga brumas e carapaças de disfarces sociais
Em clamor de prazer exuberante de ações mortais

Do frio Coração da virgem prostituta ao cálido
Sêmen que banha a imunda na Cloaca da humanidade
Escorre, nasce, e arde a ignóbil Chuva devassa
Corrompendo o Clero hipócrita e os seguidores nus

Pura, doce, imaculada, bela e anciã Natureza imortal
Brilho branco d’uma sã donzela Nobre e cansada
Isolada em capela branda de colunas ancestrais
No Céu melancólico irresponsável cruel conservador

Em terra homens bêbados cambaleantes em esquinas,
Mendigos agonizantes em fome, chorando e enfermos
Nadando na macabra água negra dos asfaltos imundos
Arranca o olho o espectro satânico da vergonha e da dor.

O confessionário agora palco surreal e inacreditável
Presencia a cena irreparável d’um Padre horrendo
Que pune, abençoa, reza, purifica e rasga todo o Sonho
Da criança que dormia em Mundo fantasioso Belo.

Oh Noite! Oh Lua! é apenas mais uma rotina,
Angustiante, má e sedenta pelo horror que ocorre e
O Poeta se sente enojado com suas mãos sujas
De sangue e sêmen após o estupro da triste Verdade.

Choro, pranto, fúria, encanto e gozo que escorrem
Em baixo do véu negro da ação citadina cotidiana
A baixo de máscaras gélidas e sórdidas se escondem
Os monstros horrorosos geradores de angústia e infeliz

E as rimas voam, somem, fogem, ressoam e se escondem
No misterioso vácuo de mulher violada nas entocas do Medo
E injúrias não pensadas, loucas, soltas planas pelo ar envolto
Até o Sol nascer e ofuscar os olhos cegos e toscos da humanidade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Raiva da humanidade, do clero, da impunidade. D:

Jerri Dias disse...

tá linkado!

Tarco disse...

hey ho hermes.. passando aqui pra retribuir sua visita no traças e tou surpreso com teus textos.. me identifiquei com teu tesão pelas palavras.. massa!

abraço

A maldição dos poetas disse...

Bela decadência.