quinta-feira, 30 de julho de 2009

Minha inspiração está em Brasília

Me desculpem, mas a minha inspiração está em Brasília. Não adianta eu tentar escrever, seja o que for, não será bom. Vocês, meus leitores, terão que aguardar até a próxima quinta, assim talvez minha inspiração esteja renovada. Ela chega domingo.
Esse tempo sem inspiração me fez aprender algumas coisas. Uma delas, por exemplo, é que eu acho que entendo a música das árvores agora. Sempre seduzindo, querendo um toque qualquer, quente e terno. Pode ser até do vento. É um canto bem trabalhado, pois se fosse uma canção qualquer, um ser que gosta de cortar árvores se sentiria atraído, e a Árvore não quer isso.
A ausência de inspiração nos ensina também o quanto é importante aproveitar os momentos inspirados. Já tive tantos, mas tantos...E nem cheguei a aproveitá-los em sua totalidade. É um átimo que merece atenção máxima, dedicação esforçada. Uma gota de suor em cada verso.
O suor é salgado. Isso me lembra outra coisa também, que a saudades está me cegando. Me impedindo de ver a beleza das cores e sons. Ando por aí meio que como um zumbi. Morto vivo a procura de nada. E eu estou cego, e voltando à lembrança, eu tinha um costume peculiar que é um pouco complicado de se explicar. Simplificando, era assim: eu escutava uma palavra, um nome, seja qual for, e um objeto se materializava em minha mente de imediato. Ouvia Cláudio e via sirene. Esse costume voltou agora, quando eu sinto saudades. Ao pensar nela, sinto uma chuva de sal nos olhos. Bem escrota, cegando tudo. A inspiração está longe, e tudo que posso fazer por enquanto é fazer minhas ações de maneira mecânica, sem poesia nenhuma. Sem arte...
Porque minha inspiração está em Brasília.





Duas gotinhas ínfimas.
Elas correm pela estrada,
Veredas de meu rosto.

Dois olhos cor de açude.
Uma moça um pouco cansada
De ser arrastada para longe.

Duas páginas de lamentações
Escritas com vergonha...
Na escuridão de um vazio.

Dois amores que se unem,
Medo do clichê algoz
Invasor dos que sentem dor.

Amargura. Busca por palavras,
Palavras que não expressam nada.
Existe mesmo clichê no amor?

9 comentários:

Pedro Humilde Lindão disse...

excelente!

estou sem palavras!

exceto por estas nove!

abraço

Pedro Humilde Lindão disse...

átimo é? HUM! ...


Átimo:

s. m. Instante, momento. Num á.: num abrir e fechar de olhos, em curto espaço de tempo.

A moça da flor disse...

também sem palavras!
utilizando-se de suas palavras "se tá em Fortaleza, tem inspiração". Apesar de nesse caso ser plausível que ela esteja longe... Mas o bom é que tem a saudade pra nutrir o que virá quando ela chegar!
Gostei muitíssimo do texto e da poesia. Emoção quase palpável! Gosto dessa intensidade nos textos e poesias!

Adorei conhecer vossa pessoa, hehe!
apesar de não termos conversado tanto assim, mas já deu pra perceber que eis gente boa!

beijo

CA Ribeiro Neto disse...

Hermes, temos mais um integrante do Blogs de Quinta:

Freddy Costa - http://www.opassaroeaflor.blogspot.com/

adcione-o, por favor, à lista.

Thiago César disse...

rapaz, me identifikei com o lance do zumbi oh... e num eh pq eu gosto de filmes de zumbi nao (realmente gosto), mas eh pq tb tenho me sentido como um ultimamente, pq assim como na sua vida, tah faltando algo na minha. talvez nao alguem, mas alguma coisa q eu sei muito bem o q eh...
compartilho da sua dor!

CA Ribeiro Neto disse...

Meu chapa, imagine se não estivesse inspirado. Que poesia é essa? talvez por eu estar a par da história, ela está magnifícia!

Espero que, quando o Paulo Henrique fizer sucesso, eles gostem das orelhas que tu irá escrever, e te chamem para fazer um livro também, aí eu também faço o prefácio do teu!
hehehehehehehehe

Paulo Henrique Passos disse...

Esses caras num tem jeito não, são osso!hahaha!
Negócio de orelha, prefácio. aiaiai.
Eu só tô avisando: eu posso acabar acreditando nessas coisas e aí... hahaha!

Do texto: assim que vi o título, pensei que fosse algo relacionado à política. Mas a coisa é bem mais séria.
Imagine mesmo se não tivesse inspirado!

CA Ribeiro Neto disse...

"pensei que fosse algo relacionado à política. Mas a coisa é bem mais séria"

Adorei isso! hahahahaha

Emily disse...

Não quer dizer que quando eu não esteja aqui que você não vai escrever coisa boa, viu só o tanto de elogios? u_u
Gostei disso de "se fosse uma canção qualquer, um ser que gosta de cortar árvores se sentiria atraído", salve a Amazônia queimando um madeireiro.
Que a gente aproveite os momentos agora.
Sal, suor, isso me lembra uma coisinha que escrevi. E não acho que exista clichê no amor, porque cada amor é único. Se é clichê, não é amor... É algo que quer ser amor mas não é. Coisa assim, não sei explicar muito bem... Sei que te amo, isso serve? <3