Pobre passarinho que se esgoela crente que será ouvido, até seria se não existisse o barulho dos carros, helicópteros, motos, ônibus e as infernais mobiletes. O coitado parou de cantar agora, parece que leu o que escrevo.
Ora, que figura agradável essa que cruza a praça: um belo gato preto. Será um mau presságio? Espero que não.Eu até que descreveria o cenário onde estou, mas não tenho um pingo de vontade, apesar dele ser interessante em demasia.Não deve passar das nove horas. Devia estar na escola, acabei faltando mais uma vez. Conjuntivite. Recoloquei os óculos escuros, os tons alaranjados dominam agora, deixando meu estado mais melancólico.
Meus olhos estão cansados. Dificultam a leitura, obviamente, sem poder ler corretamente, fui obrigado a sair de casa, caso não o tivesse feito, provavelmente entraria
Que grande ironia, sempre estou fazendo as pessoas rirem, e no máximo, riu da minha patética tristeza. Dou gargalhadas quando olho-me no espelho. Quando é que esse idiota vai parar de bancar o poeta escritor? Quando é que ele vai se tocar de que ficar sentado em um banco de praça escrevendo textos medíocres não vai levá-lo a lugar algum? Quando é que esses insetos vão parar de cair em cima de mim? Aonde vamos almoçar amanhã?
Cenário bucólico-urbano, patético.Aprofundei-me tanto nos problemas da alma, agora estou preso aqui, não quero sair da sombra.É um longo caminho para chegar em casa, quer dizer...nem tanto, mas o sol está impiedoso. Borbulhando em chamas satânicas. Porém, uma força maior obriga-me a sair imediatamente daqui. Um filho da puta começou a fumar do meu lado.Prefiro o calor infernal do sol do que a fumaça e a tosse sem graça dos fumantes.
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