terça-feira, 20 de maio de 2008

Manhã de Maio

Pobre passarinho que se esgoela crente que será ouvido, até seria se não existisse o barulho dos carros, helicópteros, motos, ônibus e as infernais mobiletes. O coitado parou de cantar agora, parece que leu o que escrevo.

Ora, que figura agradável essa que cruza a praça: um belo gato preto. Será um mau presságio? Espero que não.Eu até que descreveria o cenário onde estou, mas não tenho um pingo de vontade, apesar dele ser interessante em demasia.Não deve passar das nove horas. Devia estar na escola, acabei faltando mais uma vez. Conjuntivite. Recoloquei os óculos escuros, os tons alaranjados dominam agora, deixando meu estado mais melancólico.

Meus olhos estão cansados. Dificultam a leitura, obviamente, sem poder ler corretamente, fui obrigado a sair de casa, caso não o tivesse feito, provavelmente entraria em depressão. Não estou no momento de ficar em casa sem fazer nada, e os livros são os meus únicos companheiros. A solidão sorumbática que abala todos os sentimentais, compreende?Talvez um poema fosse mais apropriado, mas a falta de inspiração não permiti-me escrever liricamente. Essas linhas chistosas não refletem bem o que eu queira dizer, deve ser porque eu não quero realmente falar nada. Escrevo para passar o tempo, ou então porque sou um viciado.

Que grande ironia, sempre estou fazendo as pessoas rirem, e no máximo, riu da minha patética tristeza. Dou gargalhadas quando olho-me no espelho. Quando é que esse idiota vai parar de bancar o poeta escritor? Quando é que ele vai se tocar de que ficar sentado em um banco de praça escrevendo textos medíocres não vai levá-lo a lugar algum? Quando é que esses insetos vão parar de cair em cima de mim? Aonde vamos almoçar amanhã?

Cenário bucólico-urbano, patético.Aprofundei-me tanto nos problemas da alma, agora estou preso aqui, não quero sair da sombra.É um longo caminho para chegar em casa, quer dizer...nem tanto, mas o sol está impiedoso. Borbulhando em chamas satânicas. Porém, uma força maior obriga-me a sair imediatamente daqui. Um filho da puta começou a fumar do meu lado.Prefiro o calor infernal do sol do que a fumaça e a tosse sem graça dos fumantes.

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