segunda-feira, 21 de julho de 2008

O prelúdio d'uma vingança.

A lua estava linda. Isolada no céu, sem nuvens, sem estrelas para ofuscarem o seu brilho majestoso.

Se tinha uma coisa em que nessa cidade era igual aos outros cantos do planeta era a força da natureza. Aqui, a lua era a mesma do que nos outros locais. Mas só.

Parece que Deus abandonou completamente a minha cidade. Às vezes perco a confiança nele. Sinto a respiração pesada, sufoco-me em tanta dor. Não tem como fugir, mas em breve eu morrerei, mas não agora.

Antes de tudo preciso me vingar.

O melhor remédio é a vingança, dizia no encarte de um filme que vi quando era adolescente.

E ele tinha razão. É o melhor remédio.

Não há uma noite se quer em que eu não saia à procura das pessoas que destruíram a minha vida. A minha família.

Hoje achei mais um: Gabriel, mais conhecido como Boca do Lixo.

Foi ele que iniciou a vida criminosa do meu irmão. Foi ele que ofereceu o primeiro baseado.

Meu irmão, Alencar, está na cadeia agora. Mas essa é uma longa história...

Lá vai. O maldito traficante...Embriagado, com duas prostitutas. São todos iguais, só buscam o sexo, a bebida e mais dinheiro para gastarem nessas coisas novamente. Sabia que mais cedo ou mais tarde ele sairia bêbado e acompanhado. Mas eu não me importo, todos os três vão morrer. Por quê? Porque merecem. Deus me castigará por isso, tenho toda certeza. Mas Deus também deveria ter me salvado quando eu estava preso por um crime que não cometi. Mais tarde contarei a minha história, mas agora, eu não quero fazer história, agora eu quero as minhas mãos no pescoço do Boca do Lixo.

- Lembra de mim? – perguntei, aparecendo repentinamente na frente dos três.

As mulheres se assustaram e gritaram. Que gritem, a polícia daqui é mais falha do que manufaturados chineses. Não chegará a tempo. Obviamente, Boca do Lixo não sabe quem sou eu. Mesmo se lembrasse, não poderia me reconhecer. Estou fantasiado...Visto uma roupa ridícula. Preta, um símbolo no peito, que nem eu sei o que significa e uma máscara ridícula, de material barato. Mas quem se importa? Eu não sou o que visto, eu sou o que faço. Eu sou a materialização da vingança, eu sou produto da escória da sociedade. Eu sou o terror, a morte para aqueles que me fizeram mal.

Peguei as minhas adagas. Eu sempre levo cinco.

Arremessei uma, acertei bem no meio da testa de uma das vagabundas, ela tombou.

A outra correu de medo.

Boca do Lixo estava tão bêbado que caiu no chão.

Corri até a vadia. A prendi com um abraço.

- Quem é você? Por que você faz isso?

- Quem sou eu? Eu não sei, querida. Por que eu faço isso? Porque muitas pessoas devem morrer.

- Mas eu não te fiz nada.

- Cruzou o meu caminho.

Peguei a minha adaga e estoquei a jugular da mulher. Sem receio, sem medo de errar. Fiz com toda a frieza do mundo.

Boca do Lixo estava parado, inerte no chão.

- Não vai ter graça. A vingança não é boa se for com alguém que não se move. Vou te poupar. Quero te matar quando você estiver consciente, seu traficantizinho de merda. Olhe para mim! Veja a face da vingança.

Ele olhou. E o seu olhar refletia medo. Como se fosse uma criança com medo do monstro do armário. Aquele olhar foi um deleite para a minha alma. Embriaguei-me da sua angustia. Que sabor. Esse sabor da vingança é viciante como as drogas que esse merda vende. E eu não posso parar.

- Você não vai escapar, sabe com quem ta se dando? Seu filho da puta! Nós vamos te achar. Acha que é o quê? Um super herói? Pobre criança, mais cedo ou mais tarde nós te pegaremos. E vamos tacar fogo em sua carne, depois dá para os cachorros comerem.

- Está bêbado para andar, mas não para falar besteira. Se você tivesse ficado calado, teria passado mais uma noite enxergando.

Peguei mais duas adagas. E fiz com que cada uma penetrasse nos olhos do traficante. E mais uma vez fui alimentado pelo ódio. O grito em que o pobre diabo soltou foi o suficiente para fazer eu entrar em êxtase. Então, deixei as adagas penetradas em sua face. E fui embora.

Caminhando calmamente, banhado pela luz da lua.

Quem sou eu?

Eu não sei.

O que eu quero?

Vingança.

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