A madrugada canta longe
No céu as estrelas falam comigo:
-Amigo, brada o nome dela
Que a solidão já não está contigo
Que o que te resta é viver com ela.
O vento na porta ulula com voz cristalina:
-Acorda enquanto há tempo, vive tua vida
Abraça a tua amada como disseres, na surdina.
E bate estremecendo minha alma que tenta voar
Presa ao meu corpo inerte, geme, geme ao luar.
Um fantasma transeunte de bengala e chapéu
Escora-se ao meu lado como se fosse humano
E do nada puxa do bolso uns duzentos cordel
Como se fosse um repentista passa a declamar:
- Uuuuuuuuuluuu, aaaaaau, luuuuuuuuuuuuun.
A loucura aumenta quando um boi aparece
Mungindo como boi formado em teologia
Andando em tontura começa uma prece:
Ilumina meu Deus, esse poeta maloqueiro
Arranca a cabeça dos ateus e seus presepeiros.
Assustado com o teatro mágico que se passa
Quebro minha garrafa juntamente com o espelho
De dedo lascado escuto meu relógio de ponteiro:
-Que a solidão já não está contigo
Que o que te resta é apenas viver com ela.
Hermes Veras.
5 comentários:
Não tenho talento para julgar poemas como merecem, apesar de ter feito 2 cadeiras sobre isso na faculdade, mas de qualquer forma, curti a loucura da coisa.
Fiquei na dúvida com a palavra BRANDA no 3° verso da 1ª estrofe, pois branda quer dizer SUAVE e me pareceu que sua intenção era GRITO, cujo sinônimo, nesse caso, é BRADA.
Abraço.
Engraçado: a loucura no poema pede ser pela ausência ou pela presença.
Pela ausência da amada ou a presença da bebida. Ou as duas juntas.
Bebida + solidão = falar sozinho ou ouvir coisas
Ben-vindo ao Blogs de Quinta!
ATENÇÃO QUINTEIROS!!!!!
A partir de hoje meu blog se chama www.caribeironeto.blogspot.com, mudem os links no blog de vocês.
E aderiram ao grupo duas pessoas:
Gabriela Benigno: http://oeuescancarado.blogspot.com/
Hermes Veras: http://hermestrismegistoss.blogspot.com/
Gaby, já participou do APPLE, alguns já conhecem. O Hermes é um amigo novo, ele participará do APPLE também.
Depois eu passo aqui para ler... hehe
Descobri seu blog, já linkei.
Concentro-me e dou olá as metáforas, e reconheço o que é belo e ousar expressá-lo.
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