quinta-feira, 17 de junho de 2010

Breve ensaio etnográfico - Lagoa Encantada: A Tribo Jenipapo Kanindé

Foto por Jaqueline Cardoso

A Emily revisou a introdução. Fiz esse trabalho para a cadeira de Antropologia I, quem não se interessar pelo assunto, pode sair fora, eu entendo. Até.






Introdução:
Primeiramente, deixo claro que é uma simplória pesquisa - visto que de denso este texto tem pouco, pois o local foi estudado apenas uma vez por mim -, já que se sabe do fato que, para um estudo antropológico, essa é uma frequência pouquíssima.
De qualquer modo, o objeto de análise é a comunidade da Lagoa Encantada, localizada no município de Aquiraz, a leste da capital cearense. Todo o estudo é pautado na visita de campo, e terá a seguinte ordem: A chegada: pequenos relatos econômicos; Os encantados: uma trilha simbólica; Toré: O Rito dos jenipapo-kanindé de Aquiraz.

A chegada: pequenos relatos econômicos

Quando cheguei no campo o primeiro lugar em que parei foi a cantina. Seria exagero chamar a cantina em pequeno centro econômico, mas para o turismo solidário ali seria o centro econômico. É lá onde pagamos a trilha e o almoço. Ainda no local do almoço encontra-se uma pequena tenda onde os nativos vendem objetos de artesanato: colares, braceletes, bolsas e etc.
Lá fiquei sabendo que eles plantam mandioca o ano todo e em época de chuva plantam outras coisas variadas, que não ficaram em destaque. Servindo assim para economia de subsistência.
Ao lado da cantina existe um mercadinho. É o único existente em toda a comunidade. Mas o contato com o local foi apenas por visão e não poderei falar mais sobre isso.
Existem outras formas de mercado na Lagoa Encantada, mas o turismo social, e aí se inclui as vendas de artesanato também, e o plantio da mandioca são as principais formas de subsistência, e talvez, lucro da comunidade. Obviamente que existem outras formas mais particulares. Já na trilha, pude ver em uma casa a seguinte placa: vende-se din-din. Como foi dito, existe apenas um mercadinho, e essa casa que vende din-din foi a única que vi, mostrando assim que o comércio interno é pouco, ou muito bem camuflado.

Os encantados: uma trilha simbólica

A trilha foi um local para a conversa e esclarecimento. O nosso guia João nos informou a respeito de sua configuração religiosa, e de até certo ponto, da aldeia toda.
Os encantados. Esses seres-símbolos são entidades místicas que protegem a todos. Pelo que pude ouvir de João qualquer pessoa honrosa pode virar um encantado, depois de morto. Ele não acredita em reencarnação – nesse ponto não sei se ele (um lider indígena e guia) estava falando por si mesmo ou pelo pensamento geral dos jenipapo kanindé. Então depois de morrer, no máximo você vira um encantado. João também deixou parecer que cada pessoa tem um próprio encantado, que protege e gosta do protegido. Ele citou os seus: Mãe Tamaí* e Joãozinho-pé-do-morro. Ao fazer a trilha, João parou e fez uma oração. Ele invocou os encantados e terminou sua oração com a palavra “amém”. Anteriormente ele tinha comentado que os encantados eram caboclos do mato. Fica bem claro nesse ponto que o sincretismo religioso na mentalidade nativa aqui é imenso. Uma mistura de catolicismo, religião indígena e afro brasileira.

Toré: O Rito dos Jenipapo Kanindé de Aquiraz

Pelo que pôde ser observado e ouvido, o Toré é uma dança e é realizada em muitas das manifestações da comunidade. Desde velórios até festas.
A dança que acompanhei não tinha um motivo tão nobre, era apenas para demonstração.
O Toré começa com alguém que comanda uma canção, ele inicia o cântico e todos acompanham cantando. Formam um círculo e vão se seguindo. Basicamente é isso: os participantes cantando dando voltas circulares.
A indumentária era interessante. Pode-se dizer que eram de duas camadas: a primeira, a das roupas que chamamos de comuns em nossa sociedade, que usamos no dia a dia; a outra era do elemento indígena brasileiro - era um saiote e o cocar, que ficavam por sobre as roupas ditas comuns. Para dar ritmo ao canto, usavam chocalhos que não consegui identificar, se eram xerequês ou outro objeto.
Algo que deve ser mencionado é o conteúdo das letras, quase todas fazem menção aos jenipapos-kanindé, talvez seja um elemento afirmador da etnia.

NT*: Eu não sei de forma alguma como é a forma real desse novo. Apenas peguei de ouvido, e ficou difícil anotar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eles realmente precisam de elemento firmador, tudo misturado! Afro de um lado, católico de outro, urbano de outro... E ainda assim conseguem manter um pouco de tradição com a menção deles próprios na tradição. É uma boa escapatória.
Achei interessante também o fato de concentrar a economia em um só local, e, pra que usar o dinheiro, se ali na bodeguinha é o centro? Por isso que vivem de economia de subsistência! Não que eu queira viver assim, mas para eles é uma boa alternativa.
Esse lance de Encantado me lembra fadas, mas de um jeito bem brasileiro, bem miscigenado, se é que posso fazer essa colocação.

CA Ribeiro Neto disse...

Então, desde o começo você deixou claro que foi apenas uma visita e que esta apenas não deve ser utilizada de base para um estudo antropológico, mas você não achou seu texto com muitos termos incertos como "talvez"?

Acho que esta misturada faz parte da característica geral do brasileiro que praticamente tem como religião o misto de catolicismo-espiritismo-umbanda. Afinal, os índios também tem o direito de misturar tudo como os outros brasileiros, não? hehehehehe
Mas o interessante aí é misturar elementos das nossas mais diferentes e importantes influências: a indígena, a européia e a africana.

Queria ler mais desse teu trabalho. Quem sabe abrir uma discussão sobre isso no Eufonia.

Abraço (Esperando você no msn para discutir o meu texto!) heurheurheurh

Giovana disse...

Gostei, Hermes... =))

Principalmente pela parte da religião.. Deve ser muuuuuuito legal fazer trabalho de campo...

Infelizmente em História isso não é possível... ó.ò